O criminoso pode estar de luvas!

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01/10/2020

Crimes premeditados, normalmente, são levados à cabo por bandidos que usam de vários artifícios no sentido de dificultar a identificação de suas identidades. Um deles, dos mais antigos e usados, é o emprego de luvas que impede a descoberta da digital do indivíduo. Com os premeditados, crimes involuntários e calcados, muitas vezes, na ignorância, estão sendo cometidos contra usuários de medicamentos, também através do uso de luvas!

Investigá-los (os premeditados e os involuntários) é uma tarefa, por vezes, muito difícil.

Quanto aos involuntários, refiro-me, principalmente, aos casos de desvios da qualidade que provocam não conformidades nas operações de manipulação em indústrias farmacêuticas, pelo uso indevido de um acessório de higiene: a luva descartável. A luva, ao invés de proteger o produto, leva para ele, uma série de partículas perigosas promovendo a contaminação dos lotes, quando usada inadequadamente.

Identificar a causa raiz em tais situações exige um correto processo de investigação, com o emprego cirúrgico de ferramentas da qualidade.

Para reforçar esse raciocínio, resgato uma carta de advertência emitida pelo FDA para uma empresa farmacêutica em Houston em julho de 2020, no sentido de estimular um repensar sobre o uso de luvas descartáveis em operações associadas às Boas Práticas.

Durante a inspeção, naquela empresa, constatou-se que o colaborador tocou o equipamento e outras superfícies localizadas fora da área de processamento asséptico, classificado pela ISO 5, com as mãos enluvadas e, em seguida, se envolveu no processamento asséptico sem trocar ou higienizar as luvas. Assim, uma não conformidade foi evidenciada e incluída no relatório da agência americana.

Reconheçamos que essa prática errada pode não estar acontecendo apenas naquela empresa, ou apenas em Houston, ou apenas nos Estados Unidos. É possível que este descuido possa estar acontecendo agora na sua área de manipulação, enquanto você lê este artigo? Creio (e torço) que não, mas vale um momento de análise.

Usar luvas descartáveis de forma errada facilitando a contaminação é uma ação que pode estar acontecendo neste momento em vários lugares de nosso planeta, por desconhecimento do colaborador a respeito dos riscos associados, por falta de um treinamento efetivo, por falta de uma atitude responsável do indivíduo ou por qualquer outra razão que sozinha ou junta com essas, acabam causando má qualidade em produtos, risco aos usuários e à imagem das empresas.

Da minha parte, já vi operadores com luvas de manipulação pegarem e conduzirem paleteiras. Já vi, colaborador usando luvas sair de um banheiro e voltar para a área de produção. O primeiro caso, aconteceu em Saturno e o outro em Marte. Podemos aqui , eu imagino, fazer um colar de contas (e de contos) sobre a nossa experiência sobre o uso errado de tais acessórios de higiene.

Reforcemos a vigilância. O criminoso pode estar de luva!

Licença Creative Commons
O trabalho “O criminoso pode estar de luvas!” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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Por Santarem

• Diretor da Santarem - Qualidade em Consultorias • Escritor, Palestrante, Farmacêutico, Tarólogo, e Terapeuta Floral • Profissional com mais de 30 anos de experiência com atuação de comando em controle de qualidade, produção, garantia da qualidade, treinamento, engenharia e logística, em cargos de liderança como de gerência e diretoria. • Farmacêutico Bioquímico com habilitação em indústria e análise de alimentos e indústria farmacêutica * CRF-RJ: 3351 • MBA em Pós-graduação Latu Sensu MBA Gestão da Qualidade pela FGV - Rio de Janeiro. • Professor de pós-graduação do Módulo Gestão da Qualidade no Instituto Hahnemanniano do Brasil. • Autor dos livros “Reino dos Sensos”, “Eu mereço um dia com boas práticas”, "Sensos da Qualidade - E o segredo da sobrevivência e do Sucesso", "A Odisseia de um pequeno ato de inclusão" e “Autora, a foca albina – Uma história que trata sobre pertencimento” • Especializações: Gestão da Qualidade; Boas Práticas, ISO Lead Auditor, Ouvidoria e Perito Judicial. • Tarólogo com mais de 40 anos de experiência. • Terapeuta floral com especialização registrada no Conselho Regional de Farmácia – CRF-RJ. • Principais Prêmios e Títulos 2013: Prêmio Excelência Profissional “Levy Gomes Ferreira” em Mídia Eletrônica Farmacêutica 2011: Moção de Louvor, Aplausos e Congratulações pelos excelentes serviços prestados ao Estado. Assembleia Legislativa – RJ. 2007: Ordem do Mérito Farmacêutico Internacional - Grande Oficial- Conselho Federal de Farmácia. 2006-Diretor Presidente (2006-2007), CRF-RJ. 2005-Diretor de Cursos (2005-2007), Associação Brasileira de Farmacêuticos. Ver mais na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/9200969137222017

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