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Tire a bunda da cadeira

Tire a bunda da cadeira

15/01/2018


Em minhas aulas de pós-graduação costumo lembrar que nenhuma metodologia empregada em gestão da qualidade pode ser efetiva em um sistema completo sem uma ferramenta efetiva e indispensável. Esta ferramenta, cuja sigla eu uso de uma maneira contundente para facilitar a memorização dos meus alunos é a TBC. Em outras palavras “Tire a bunda da cadeira!”.

A TBC é um modo de gerenciar que nos leva ao campo dos processos, onde ocorrem as operações do seu negócio ou da área a qual você gerencia. Pode ser conduzindo você para o chão de fábrica ou para um balcão de uma loja.

As vantagens da ferramenta são inegáveis. No entanto, sua aplicação é extremamente difícil. Não é fácil para a TBC, abduzir você de sua mesa de trabalho, com toda a papelada que exige sua análise e aprovação; com tantas reuniões a serem agendadas; com as dezenas de telefonemas e outros contatos que você tem de fazer; com tantas coisas, muitas inúteis, que se apresentam como prioridades inadiáveis e com alguns desvios da qualidade que chegam à sua sala como formulários frios ou como informações de técnicos preocupados com a questão.

Quando aplicada, logo no seu primeiro dia, ela mostra a você cenários inimagináveis. Oferece a você possibilidades de correção de rotas e oportunidades de melhorias que estavam antes encobertas por um véu que só a TBC é capaz de descortinar. Além disto, ajuda a criar um ambiente propício de ligação entre você e o pessoal de campo, de maneira sempre respeitosa, mas, literalmente, desarmada, quando a sua prática é rotineira. Não se assuste, no entanto, se a sua primeira ida provocar situações de surpresa e apreensão. Casos existem mostrando que a ida de muitos gestores ao chão de fábrica é conhecida por toda a fábrica antes de ele sair de sua sala. Isto mesmo. O famoso “correio de corredores” mais rápido do que qualquer “Wathsapp” se incumbe de distribuir o recado: “Corre que a diretoria vem aí!”.

Com o passar do tempo, com suas idas acontecendo de forma regular, com a sua postura adequada, deixando de lado qualquer atitude policialesca, seus colaboradores não só receberão sua presença muito bem, como estarão prontos a lhe oferecer sugestões valiosas.

A filosofia japonesa “Gemba Walk” e o conceito americano da ferramenta MBWA “Management By Walking”, inspirada no estilo de David Packard, na verdade, abraçam a sigla TBC e a suportam com suas metodologias.

Certo é que, seja em japonês, em inglês ou em qualquer outro idioma, se você quer ter sucesso “Tire a bunda da cadeira!”.

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“Tire a bunda da cadeira” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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1. Conheça as enquetes, veja a opinião dos profissionais, participe e acompanhe os resultados …….*…….*……. 2. Treinamentos: Veja os títulos disponíveis para treinamentos “in company” 3. Livros: “Eu Mereço Um Dia Com Boas Práticas” e “Reino dos Sensos”. …….*…….*……. …….*…….*…….

Não são cinco os valorosos guerreiros

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Extraído do Livro O Reino dos Sensos (1)

2019/03/17

SoUno passou para os conselheiros as palavras de Siy Bila, que não havia decifrado: “três vezes três somam a força maior que sempre esteve ao lado deles, mas que não a enxergar é o mesmo que não evoluir no caminho dos homens”. Neste momento fez-se o silêncio. Os conselheiros pararam para pensar sobre as palavras da pitonisa e descobrir a resposta correta. Não era a primeira vez que Siy Bila deixava os conselheiros nesta situação.

Para Sábio San que sabia os caminhos que levavam ao futuro, a resposta veio mais rápida. Sábio San pediu a palavra e começou a desvendar o mistério. Disse Sábio San que todo o processo de melhoria teve início com três comandantes Seiri, Seiton e Seiso, mas ficou evidente que apenas os três, por melhores que fossem não seriam capazes de sozinhos, dar cabo de todo o programa.  Assim, quando Siy Bila falou de três vezes três era para que pensássemos em multiplicar a lealdade, a dedicação e a força destes três comandantes por três, somando ao grupo, mais seis comandantes. Esta soma faz nove, o resultado de três vezes três. Com isto, além dos novos comandantes já incorporados ao grupo – Seiketsu e Shitsuke – outros quatro soldados deveriam ser convocados.



Com a interpretação das palavras de Siy Bila, tudo ficou claro! Aqueles cinco comandantes seriam apenas uma parte de um exército conduzido por nove comandantes, os quais teriam o poder dos nove satélites de Saturno e a proteção de Titan, a Grande Lua.

Seiki Sei pediu a palavra. Ele lembrou o que disse a pitonisa na primeira viagem: “mas só um verdadeiro imperador pode recuperar-se a tempo e corrigir as suas falhas com a verdadeira nobreza e entendendo-se apenas como uma das partes”. Seiki Sei lembrou que SoUno, como uma das partes, teria de ser também um dos comandantes, mesmo sendo o imperador. Todos concordaram e caberia a este comandante ser o responsável de forma direta pela determinação e união. Assim foi feito e SoUno recebeu o novo nome de Shikari Yaro. O primeiro dos comandantes.


O trabalho “Não são cinco os valorosos guerreiros.” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional


Nota do autor: Além dos cinco sensos consagraram-se mais quatro, a saber,  Shikari Yaro (Senso de Determinação), Shido (Senso de Aprendizado), Setsuyaku (Senso de Economia) e Shisei Rinri (Senso dos Princípios Morais e Éticos)


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O nosso cérebro pratica o Seiso e o Seiton

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O nosso cérebro pratica o Seiso e o Seiton

Ou, em outras palavras, ele trabalha de forma primorosa, com organização, guarda e descarte de informações.


O Seiton é um dos noves sensos e, na verdade, sua importância e seu nascimento o coloca como um dos três primeiros sensos apresentados ao mundo, naquilo que o mundo aprendeu a chamar de Programa 5S.

Esse senso é conhecido no idioma português como o Senso da Organização, um senso crítico para estabelecermos mudanças positivas em nossas vidas e em empresas dedicadas aos aspectos da qualidade.

Vários estudos mostram atualmente que nossa máquina (o cérebro) conta com uma eficientíssima bibliotecária (?) que ordena os assuntos por ordem de importância e de frequência de uso, armazenando-os e respeitando uma temporalidade predefinida.

Bendita essa bibliotecária cerebral que não permite a ocupação desnecessária de espaços de memória com dados e eventos considerados descartáveis. E como descartáveis, vão para um canto do cérebro que podemos chamar de “Arquivo Inativo” ou “Arquivo intermediário” com prazos determinados até sua destinação final.

Importante: Não tente chamar esse espaço de “Arquivo morto”, uma vez que esse termo deixa enlouquecido qualquer especialista em documentação.

“Se é morto, então, enterra!”. Vale para os arquivos físicos, eletrônicos e até mesmo os cerebrais!

A organização perfeita da biblioteca cerebral permite o resgate das informações e a esse resgate chamamos de memória. Quem diria… o Senso da Organização no cérebro!

O Seiton, outro senso, e conhecido como senso da utilização, também está todo o tempo nessa biblioteca e quando se depara com um dado que não tem nenhuma utilidade, depois de análises bioquímicas nas quais até a Dopamina está envolvida, simplesmente o descarta. Isso mesmo! Não pense que memórias sem utilidade são guardadas para sempre em nosso cérebro! Seiton age para liberar espaço e permitir que o cérebro trabalhe melhor.

A forma de encarar o processo de esquecimento depois de muitos estudos passou a ser vista de outra forma. O processo está ativo o tempo todo, durante a nossa vida.

Trabalhos existem mostrando que o esquecimento é vital para o cérebro saudável trabalhar bem as memórias e isso não é exclusivo da humanidade. Moscas e ratos em estudos de laboratório provaram ter a capacidade de esquecer; ou, em outras palavras, descartar aquilo que não nos serve mais, apenas existindo para nos prejudicar.

Estudos científicos sobre o esquecimento caminham no sentido de encontrar novas respostas e até tratamentos para muitas doenças, entre elas, a ansiedade, o estresse pós-traumático e doença de Alzheimer.

Seiso e Seiton na bioquímica cerebral… Essa não dá para esquecer!


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“O nosso cérebro pratica o Seiso e o Seiton” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

Referência: “A parte esquecida da memória” – Nature * Acesso em 10/05/2021

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O monumento da Galinha para a Ciência

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Estamos a cometer um erro histórico, não por ignorância, mas talvez pelo descaso que, durante décadas, vem criando uma nuvem de fumaça sobre a importância que um determinado animal tem para a população do planeta.

A humanidade tem se prestado a criar monumentos para animais pelos serviços que lhe prestou; entre eles, o cão, o gato, o urso, o cavalo e as cobaias de laboratório.

Sociedades também oferecem homenagens a animais que emprestam a imagem de força, de poder, nobreza e ética às instituições e países. Nesse caso, podemos ver as águias e os leões em muitos portais de prédios de governo, conferindo uma autoridade que nem sempre se reflete em suas políticas, infelizmente.

Um animal, no entanto, fica ao largo de todos os reconhecimentos, se prestando a salvar vidas através do sacrifício e da morte de seus embriões, em nome da manutenção da humanidade.  Eu me refiro à galinha que durante séculos é o animal que tem nos permitido desenvolver as vacinas do passado e ainda as do presente, permitindo-nos vencer as pandemias.

Difícil mensurar, de maneira precisa, o número de milhões de embriões que foram e têm sido sacrificados para a produção de vacinas. Difícil mensurar o benefício que tal prática pode propiciar a homens, mulheres e crianças em todo o mundo. Certo é que, não fosse assim, muito provavelmente eu não estaria escrevendo esta matéria, nem você a lendo, pelo simples fato de que as pandemias, sem controle e sem vacinas, exterminariam a todos.

Para desespero daquelas pessoas conhecidas como veganos, até que possamos desenvolver novas vacinas sem os ovos da galinha (estamos a caminho e bem adiantados), temos de ainda conviver com tais métodos para o salvamento de vidas humanas.

Assim, fica aqui o meu registro! Façamos uma bela e linda estátua para a galinha e, se possível, coloquemo-la em lugar de destaque, de preferência no topo de um belo prédio público para passar a ideia do maior sacrifício pela ciência humana.

Em nome da verdade, devo deixar claro que existem, no Brasil, monumentos com a referida ave, mas referem-se à importância da avicultura, o que não é o foco da questão. A visão que proponho é a sua importância na ciência propriamente dita.

Vale dizer que no topo do prédio do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, nós podemos ver a belíssima e imponente águia. Vale dizer também que, em outros prédios, o mesmo ocorre com outros animais. Daí, vale dizer que ficaria ela, muito bem no topo do Castelo Fiocruz, não fosse pelo fato de a construção ter sido tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1981. Merecida e justa homenagem, mas impossível de fazê-la no topo do castelo.

Então, porque não em Brasília, em ambiente nobre do prédio do Ministério da Saúde?

Quem sabe, em uma bela praça e em destacado monumento?

Para os negacionistas, reforço que não existe em minhas letras e palavras nenhuma ironia quando meu texto destaca o papel desse animal; também não existe uma “brincadeirinha” para fazer a estatua da galinha e sim uma proposta séria feita por um profissional da saúde com décadas de exercício de profissão.

Sejamos nós, como brasileiros, os primeiros a erigir tal monumento em função das muitas vidas que essa prática pode salvar.

Diante de tantos outros animais, a galinha fez e faz muito mais. Temos de reconhecer.

Existe uma superstição que diz que acariciar os testículos da estátua do touro de Wall Street traz sorte, prosperidade e dinheiro na vida.

Existe a evidência científica de que as galinhas, com seus ovos, não só matam a fome como estão salvando vidas.

Eu particularmente, em primeiro lugar, prefiro as galinhas!


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“O monumento da Galinha para a Ciência” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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O novo normal em inspeções.

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14/04/2021

Um ambiente de dificuldades.

Em face da pandemia, inspeções governamentais, em muitos países, foram suspensas ou sofreram mudanças em seus prazos e suas metodologias. É certo que o acompanhamento das operações de muitas empresas tem de ser feito de forma regular e compulsória, em nome da saúde e do bem-estar de seus cidadãos, mas como realizar inspeções realmente efetivas nesse momento de calamidade?

Uma reflexão sobre o assunto tem levado muitos profissionais e agências reguladoras a repensar a forma de auditar, imaginando a realização de inspeções com o auxílio de novas facilidades e ferramentas. Certo também é que as agências não podem acumular inspeções que já deveriam ter sido feitas, independentemente do cenário de dificuldades que se apresenta para o cumprimento de tais programas.

Fica a pergunta: Quanto foi reduzido o número de inspeções presenciais?

Outra pergunta: Até que ponto a não realização das inspeções (ou o seu atraso) pode afetar a segurança dos cidadãos e a qualidade de fornecimento de produtos e serviços regulados pelas boas práticas?

Sabemos que apenas as solicitações de registros não atendem, plenamente, às necessidades de uma inspeção rigorosa.

Uma visão de futuro

Diante desse quadro, a realização de inspeções à distância é uma ideia já levada em consideração por muitos especialistas e pode, de certa maneira, promover uma mudança positiva no estado atual. Assim, reuniões com gestores e técnicos através de plataformas virtuais, visitas dirigidas às instalações por navegação de utilitários com aplicativos de som e imagem podem se apresentar como uma resposta de uso imediato. Isso hoje.

Do meu ponto de vista, embora a inspeção presencial seja insubstituível, as novas facilidades e ferramentas farão parte das inspeções governamentais até mesmo depois da pandemia. Será somente uma questão de tempo.

Cabe às empresas, vislumbrarem essa possibilidade e também se preparem para este “novo normal”.


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Consumidor ou consumido?

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2019/02/28

Duas pérolas na relação de consumo: No meio privado, “Para a sua segurança, a nossa ligação está sendo gravada” e no meio público, “Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa”.


Dia do Consumidor – A origem da escolha

Em 15 de março, comemoramos o Dia Mundial do Consumidor. Data comemorativa relevante em face da importância de uma relação, historicamente, recheada de descuidos da parte de organizações privadas e públicas, que muitos males fizeram chegar a um ente reconhecidamente vulnerável, na seara do mercado de consumo. Produtos e serviços fora do especificado causaram e ainda causam insatisfação e até mesmo mortes.

A data foi bem escolhida, é certo; uma vez que se trata de uma nobre referência à data na qual foi enviada ao Congresso americano, em 1962, uma mensagem do então presidente John F. Kennedy na qual defendia os direitos dos consumidores, tais como o direito à segurança, à informação e a escolha e o direito de ser ouvido.


Uma tendência de décadas

De lá para cá, foram muitas as tentativas no sentido de se estabelecer mecanismos de proteção e defesa do consumidor. Desse pobre e desamparado ser destinado, anteriormente, somente a pagar (sem reclamar) pelos produtos e serviços de suas necessidades. Antes disso, convenhamos, foram muitas as teorias de grandes gurus da gestão da qualidade que criaram conceitos nos quais o cliente se punha como fator crítico de sucesso para aquelas empresas que se desejavam viver uma nova era, como vencedoras, colocando as expectativas do cliente como realmente importantes.

Algumas empresas se destacaram nesta caminhada e até alguns países ganharam muito trabalhando uma nova relação de consumo. Normas técnicas padronizadas, decretos e leis começaram a ser publicados.


O Consumidor no Brasil com empresas privadas

No Brasil, de uma maneira geral, no entanto, a frase “O Cliente tem sempre razão” soava irônica quando se precisava rediscutir com o grande universo de fornecedores uma compra ou um serviço identificado como não conforme. Pior quando tratávamos com empresas cujos lindos discursos de seu respeito ao cliente desabavam no mal atendimento explicito. Ficava a clara impressão que não éramos consumidores e o termo certo que melhor nos identificava era “consumidos”.

Outras frases me soam irônicas ainda hoje, quando estabeleço relação com alguns fornecedores. Uma delas é aquela que chega ao meu ouvido dizendo “Para a sua segurança, a nossa ligação está sendo gravada”. Ora! Para a minha segurança!? Já tive oportunidades de responder que para segurança “delas” eu também gravava as ligações. A gravação é útil; é necessária e legal, mas é vazia de verdade e isto entristece qualquer cliente esclarecido.


O Consumidor no Brasil com o Governo

No passado, quando o relacionamento era com autarquias governamentais, a sensação de constrangimento era muito bem definida, quando bem visivelmente era colocada uma plaquinha com a lembrança para o usuário do Artigo 331 do Código Penal que diz: “Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa”. Os usuários não se dirigiam ao serviço público para desacatar seus funcionários; muitos usuários, por educação de casa, sabiam que desacato, antes de ilegal, é imoral por ser uma atitude indevida; muitos usuários, com certeza ficavam se perguntando sobre a verdadeira razão que tenha motivado colocar a bendita plaquinha em várias autarquias do governo. Creio não ter sido pelo excelente serviço prestado. Por que não uma plaquinha dizendo “Como servidores, estamos aqui para servir você, sempre à luz da lei”?


A importância do gestor no trato com o cliente

Da minha parte, por minha determinação, retirei estas plaquinhas, com o texto do decreto, do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro, em 2006, quando fui presidente daquela autarquia federal e o ambiente não se tornou belicoso por esta razão. Vale dizer que, na época, implantamos o sistema de gestão da qualidade, criamos os indicadores de desempenho e a Ouvidoria, mas a alegria com a retirada das plaquinhas, para mim, não teve tamanho; é inesquecível. Dou apenas meu exemplo, mas existiram e existem outros tantos gestores que, acima de qualquer lei, entenderam e entenderão a importância do consumidor e tomam medidas diárias, muitas vezes nem sequer sabidas e noticiadas, em prol de uma excelente relação com os usuários dos serviços públicos.


O dia do Consumidor no Brasil

Como brasileiros, criamos a Lei de defesa do Consumidor em 1990, voltada exclusivamente para o relacionamento com empresas privadas. Bom começo, é certo, mas ainda longe do estado da arte.

Quarenta anos depois da carta enviada por Kennedy, o Brasil instituiu o Dia Nacional do Consumidor, pela Lei Nº 10.504, de 8 de julho de 2002, “que será comemorado, anualmente, no dia 15 de março”. O texto da lei diz: “Os órgãos federais, estaduais e municipais de defesa do consumidor promoverão festividades, debates, palestras e outros eventos, com vistas a difundir os direitos do consumidor”. Aí, no meu modo de ver, uma incongruência, quando constatamos que existe somente um cuidado com os clientes de empresas privadas e um descuidado com usuários do serviço público. O governo criou uma lei, depois criou uma data comemorativa, mas não criou lei semelhante que se aplicasse aos serviços públicos da administração pública. Usuários dos serviços públicos, como hospitais, por exemplo, desprotegidos e sem leis que os protegessem? Sim.

Claro que tudo isto faz parte de uma evolução onde os interesses dos mais variados brotam a cada passo e reagem a cada intenção de proteger os usuários. Certo é que a sociedade esclarecida não mais está disposta a ficar desamparada. Daí ter sido publicada no Diário Oficial da União de 27.6.2017, a Lei Federal 13.460/2017 que dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública, que entrou em vigor em 2018. Cabe a pergunta: Quantos usuários sabem da existência desta lei e de seus direitos associados? Pergunte! Cabe outra pergunta: Qual o funcionário público que conhece a Lei Federal 13.460/2017? Pergunte! É muito provável que você encontre mais de um que a desconheça. Não cabe aí nenhuma crítica sobre a ignorância a respeito, mas um alerta para todos os atores da sociedade sobre o quão são importantes a informação e o esclarecimento. Por esta razão, o quão é importante uma data comemorativa deste tipo.


A importância da data

Falta muito, sabemos. Ainda vemos muita distância entre a teoria e a prática; entre o discurso e a atitude. Temos de divulgar, temos de promover e criar ambientes para uma ampla discussão sobre o tema. A data comemorativa serve de excelente pretexto para muitas ações em uma agenda comum tanto privada como governamental.


Discutindo a relação

Separei a seguir as 10 exigências de uma nova (?) relação de consumo que ainda estão muito distantes do seu entendimento e cumprimento pleno. Veja o que o consumidor espera da relação:

  • Contato direto
  • Comunicação fácil com o fornecedor
  • Respeito
  • Informações de qualidade
  • Soluções rápidas
  • Parceria
  • Resultados
  • Economia de recursos
  • Satisfação
  • Encantamento

Merecem uma discussão. Depois da discussão, a reflexão, o entendimento sobre as possíveis mudanças e as ações.

Assim seja! Feliz Dia do Consumidor!


O trabalho “Consumidor ou consumido” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.


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Por favor, deixem ligados os celulares

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Os estímulos externos sempre atuam como elementos sabotadores em reuniões corporativas e treinamentos “in company”, distraindo a atenção dos adultos, levando seus pensamentos para outros lugares que não o foco tratado pelo moderador ou instrutor.

Os ruídos são, comumente, aqueles estímulos mais evidentes. Não faz muito tempo, eu estava em uma reunião acontecendo na modalidade de “Webconference” entre profissionais do Rio de Janeiro e de São Paulo, quando um vira-lata resolveu participar do evento. O impressionante é que eu estava em um edifício no centro do Rio de Janeiro, no 28º andar. Isso mesmo!

Outros sabotadores, quando nos referimos a esses estímulos, aparecem quando os eventos acontecem em lugares com vista para ambientes externos. Pode ser um bucólico jardim, uma praia próxima ou uma rua de bairro. As imagens curiosas provocadas por um simples beija-flor, um iate que passa lentamente ou uma colisão de veículos abduzem o participante de maneira covarde para longe das reuniões, palestras e treinamentos.

As condições climáticas também podem contribuir.  A temperatura da sala e a umidade relativa podem prejudicar o evento deixando os participantes incomodados. No tocante à temperatura, os aparelhos de ar-condicionado, ou aquecimento, nunca estarão em condições de atender às necessidades pessoais de cada um. Assim, é bem possível que os feedbacks de avaliação de reação da mesma reunião, registrem reclamações de “a sala estava muito fria”, bem como “a sala estava muito quente”….

Quanto à umidade relativa, dependendo da cidade e das condições da sala, alguns problemas são previsíveis. Muitas palestras eu fiz na região central do Brasil, sem qualquer tipo de problema; no entanto, mais de um colega da região sudeste, sofreu com sangramentos no nariz durante suas aulas, devido a baixa umidade do ambiente.

Ruídos, imagens e condições climáticas são pontos a serem tratados nos projetos das salas, mas quando já nos encontramos em situações que nada podemos fazer, a não ser atuar como moderadores e instrutores, sabemos que nossos esforços serão maiores e teremos que utilizar mais recursos para reter a atenção dos participantes adultos.

É exatamente aí (mas não somente) que entra em cena um recurso muito poderoso. Até há pouco tempo, tal recurso, recebia a pecha de sabotador implacável de reuniões e treinamentos “in company”: o celular.

Através do grande ambiente de rede, com recursos de internet e facilidades de Wifi, podemos envolver o público com pesquisas de textos durante os eventos, com enquetes sobre o tema e com a possibilidade de fazer perguntas em um depositório virtual que poderão ser respondidas de forma síncrona ou assíncrona. O celular pode ser atualmente, um dos grandes facilitadores de reuniões e treinamentos.

Alguém pode até argumentar, com razão, que uma mensagem de fora que chega ou uma ligação externa, pode ser uma ação de distração. É fato. Fato também é que, a cada dia que passa, tais aparelhinhos estão se transformando em parceiros em treinamentos de adultos e isto é um caminho sem volta. Devemos estimular seu uso.

O trabalho “Por favor, deixem ligados os celulares.” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://squalidade.com.br/.

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Eu e o mundo de Deming sem métricas

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#190203

Para Edward Deming, o emprego de métricas e metas no chão de fábrica deveria ser abolido. Esta visão compõe um dos 14 princípios de Deming para a qualidade de produtos e serviços.

Qual seu parecer a respeito deste princípio? 

Métricas e metas contribuem, entre outros tantos argumentos, para “estimular no colaborador o orgulho pelo seu trabalho”, uma vez que o indivíduo adulto pode identificar o quanto foi útil para a equipe através de seus indicadores. Uns colaboradores podem atingir bons resultados, outros, resultados aquém das expectativas, mas o ambiente de competição não se torna prejudicial, quando outro princípio de Deming é levado em consideração: o princípio que assegura “ambientes sem medo” nos quais o não atingimento de metas não deve levar a punições. Resultados podem ser melhorados quando é empregado outro conceito bem definido em dois princípios de Deming: “Treinamentos “In company”” e  “Estímulo à formação e ao auto aperfeiçoamento”.

Ainda, pelos princípios, quando entendemos a “qualidade como responsabilidade de todos” vemos, antes de qualquer coisa, adultos em todos os níveis da organização os quais tem de estar cientes do que acontece ao seu redor, com as suas atividades e como elas estão impactando, dia a dia, nos resultados do seu negócio. Métricas e metas só ajudam.

Levando em conta estes cinco princípios: “estimular no colaborador o orgulho pelo seu trabalho”; “ambientes sem medo”; “treinamentos “In company””; “estímulo à formação e ao auto aperfeiçoamento” e a “qualidade como responsabilidade de todos”, aquele princípio que reza que devemos ter “ambientes sem métricas no chão de fábrica” apresenta uma relação custo & benefício desfavorável. Daí, pessoalmente, eu desconhecer empresas reconhecidamente vencedoras e preocupadas com resultados que desconsiderem a importância de métricas e metas no chão de fábrica.

É provável que eu ainda não tenha entendido a verdadeira essência deste princípio.

É possível que Deming estivesse em outra dimensão ainda verdadeiramente utópica para mim.

De qualquer forma, à Deming, o meu respeito.


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O trabalho “Eu e o mundo de Deming sem métricas” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://squalidade.com.br/.

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Vamos Brincar!?

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Deixar-se levar sem censuras e sem medos de forma segura e por situações agradáveis não é necessariamente uma atitude infantil.

Quando estamos ao lado de quem amamos, junto com os nossos amigos, brincando com nossos filhos e até apaixonadamente tendo relações sexuais, estamos, de forma madura, trabalhando intensamente com um lado de nossa personalidade que registra com cores fortes tudo que acontece, deixando intensamente marcados em nossa memória os momentos felizes que passamos. Brincar é uma atividade comum do adulto e que provoca sensações de extrema riqueza.

Assim entendendo, o Instrutor de adultos deve criar cenários nos quais se encaixem as brincadeiras que ajudarão o grupo de participantes a se envolver de corpo e alma nas atividades, se expondo sem medos e estimulando os demais a participarem com o mesmo empenho. Quando transportamos esta questão para os treinamentos corporativos as brincadeiras ganham uma força maior, principalmente pelo fato de que tais treinamentos acontecem na maioria das vezes em ambientes de cobranças, de insatisfações e de estresses.

Agora, cuidado. Tenham o nome que tiverem – jogos empresariais, dinâmicas de grupo, estudos de caso – as brincadeiras de adultos em treinamentos são sempre trabalhadas de acordo com cada grupo, com objetivos claros e regidas por “contratos” e “regras” estabelecidas e conhecidas por todos os envolvidos. Até porque mesmo sendo brincadeira… É brincadeira de adulto.

O trabalho “Vamos brincar!?” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional.

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Os Nove Sensos e as Boas Práticas (Programa 9S & BPx)

01/01/2021

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Assegurar que nenhum material incompatível esteja nos ambientes de trabalho (Seiri) aumentando, assim, o espaço destinado às operações e melhorando o fluxo de materiais e pessoas.

Criar a cultura de manter esses ambientes devidamente organizados (Seiton), com tudo identificado, facilitando a limpeza desses ambientes e diminuindo drasticamente os riscos de troca e de misturas.

Preocupar-se com a limpeza dos ambientes, com a operação e limpeza das máquinas (Seiso), e reforçando a importância dos procedimentos e dos processos validados.

Ater-se aos cuidados ligados à saúde e ao bem-estar dos colaboradores em seu ambiente de trabalho (Seiketsu) e promover os hábitos de higiene e saúde e, aí, o uso adequado dos uniformes, dos acessórios de higiene (toucas, luvas, etc.) e dos equipamentos de proteção individual (E.P.I´s), diminuindo o índice de absenteísmo e a ocorrência de doenças ocupacionais, entre outros benefícios.

Investir no treinamento e na educação do indivíduo (Shido* ) não somente em suas tarefas de rotina, mas em outros temas que permitam o seu desenvolvimento continuado, facilitando a formação de bons instrutores internos, entre outras vantagens.

Criar um ambiente no qual o colaborador siga de forma consciente e comprometida (Shitsuke) os valores e as normas da empresa, diminuindo a incidência do não cumprimento de procedimentos operacionais, diminuindo a ocorrência de desvios e de reclamações técnicas, além de diminuir o estresse durante as auditorias.

Combater os retrabalhos, as perdas e os desperdícios (Setsuyaku*) estimulando os colaboradores a trabalharem conforme as prescrições, assegurando operações “enxutas” e maiores ganhos.

Tudo isso, suportado pela determinação das lideranças (Shikari Yaro*) através de ações exemplares (Shisei Rinri*) com os seus acionistas, com os seus clientes internos e externos, com os usuários dos seus produtos e serviços e com os seus colaboradores, através dos princípios morais e éticos das boas práticas.

Esses são bons motivos para pensar seriamente na implementação de um Programa 5S, principalmente em empresas que têm nas Boas Práticas a razão do seu sucesso e da sua sobrevivência. As Boas Práticas exigem um sistema da qualidade e este sistema pode ser muito bem escorado em um programa de amplitude significativa que abranja todos os aspectos possíveis, até mesmo a implementação e outros, mais específicos, e nos momentos tecnicamente corretos. Aí podem se encaixar, dependendo do interesse e dos recursos da empresa, o “Kaizen”; o “Just in Time”, o “Kanban”, as Normas ISO, Seis Sigma, entre muitos outros.

O Programa 5S é considerado como aquele que melhor se apresenta na relação custo & benefício, e de eficácia comprovada por empresas de todos os segmentos, em todas as partes do mundo. Quando é implantando, cuidando também dos aspectos críticos dos outros quatro “esses”*, daí o nome de “9S”, sua força é incrivelmente maior. É pura filosofia de trabalho…

… e filosofia não sai de moda …

Carlos Santarem

  1. Seiketsu – Senso da Saúde e Bem-Estar.
  2. Seiri – Senso da Utilização.
  3. Seiso – Senso da Limpeza.
  4. Seiton – Senso da Ordenação.
  5. Setsuyaku – Senso da Economia.
  6. Shido – Senso do Aprendizado.
  7. Shikari Yaro – Senso da Determinação e União.
  8. Shisei Rinri – Senso dos Princípios Morais e Éticos.
  9. Shitsuke – Senso da Autodisciplina.
Licença Creative Commons
O trabalho “Os Nove Sensos e as Boas Práticas (Programa 9S & BPx)” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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