Categoria: Boas Práticas

BPF – Como está a sua empresa?


BPF – Como está a sua empresa?



O teste a seguir, de maneira proposital, não se associa a qualquer normativa de BPF e suas versões. O foco é, independentemente das recomendações e exigências, traçar um perfil das empresas e de seus líderes quanto às suas políticas e posturas frente ao universo das Boas Práticas.
No recolhimento de sua sala, ou aberto para debate exclusivamente com a sua equipe, cada pergunta se abre, como um estímulo para um repensar sobre alguns cenários e sobre possibilidades de mudanças significativas.
Marque as respostas mais adequadas do seu ponto de vista e, depois, clique no botão “Calcular pontuação”. Veja a interpretação do teste em função do resultado numérico obtido.



1. Existe uma preocupação generalizada em informar a todos os gerentes e coordenadores das áreas, de maneira discreta e urgente, a chegada de visitantes e de inspetores?
sempre freqüentemente às vezes nunca
2. Algumas operações são literalmente suspensas na presença de visitantes e inspetores?
sempre freqüentemente às vezes nunca
3. Cria-se um ambiente tenso quanto ao que pode ser constatado em uma visita de clientes ou inspeção governamental, principalmente da parte da alta liderança da empresa?
sempre freqüentemente às vezes nunca
4. Líderes de linha, operadores, manipuladores, auxiliares e outros colaboradores ficam “sem saber o que fazer” ou “qual a melhor forma de fazer” quando são observados por visitantes ou inspetores?
sempre freqüentemente às vezes nunca
5. Na rotina, seus colaboradores costumam descumprir aqueles procedimentos que não consideram “tão importantes” (como fluxo de pessoal e de materiais, uso de EPI, uso de acessórios de higiene, por exemplo) cuidando de não os esquecer nos momentos de visita ou de inspeções?
sempre freqüentemente às vezes nunca
6. Seus colaboradores participam dos treinamentos como sendo atividades sem valor e que “prejudicam” as suas responsabilidades diárias?
sempre freqüentemente às vezes nunca
7. Existe a possibilidade de um inspetor do governo constatar mais de uma operação sendo executada de forma incompatível com o prescrito em procedimento operacional e/ou em instrução específica?
sempre freqüentemente às vezes nunca
8. Na rotina, os desvios da qualidade são tratados de forma burocrática, através da simples elaboração de relatórios que poderão ser exigidos em inspeções futuras?
sempre freqüentemente às vezes nunca
9. Existe a tendência de manipular resultados dos laudos analíticos e de outros documentos técnicos, no sentido de adequá-los aos parâmetros de qualidade?
sempre freqüentemente às vezes nunca
10. As lideranças consideram as auditorias internas (auto inspeções) como uma atividade atrapalhadora?
sempre freqüentemente às vezes nunca




Clique no botão abaixo para obter a soma dos pontos e veja em qual interpretação se enquadra a empresa.
.....................................................................
A interpretação
Até 7 pontos: BOA
A empresa busca atender as Normas de Boas Práticas e, provavelmente, tem em seu planejamento estratégico o caminho da excelência.
Suas lideranças, seus técnicos e demais colaboradores estão cientes de suas responsabilidades com os acionistas, clientes e consumidores (usuários de seus produtos e serviços).
Existe um Sistema da Qualidade estruturado com visão na capacitação constante de suas equipes e na melhoria contínua dos processos.

De Entre 8 a 29 pontos: REGULAR
A empresa pode estar em uma fase de mudança na qual identifica a urgência e os benefícios de se trabalhar de acordo com as BPF.
Muitos de seus líderes e técnicos, nem todos, estão dedicados a promover as muitas mudanças e as melhorias necessárias, mesmo que os recursos disponíveis não sejam os ideais.
Existe um Sistema da Qualidade, ainda debilitado, que se empenha em fortalecer a visão na capacitação constante de suas equipes e na melhoria contínua dos processos.

Acima de 30: FRACA
É possível que a empresa esteja sofrendo com os resultados de inspeções passadas e ainda tema por inspeções futuras de seus clientes ou de inspetores do governo.
Caso não esteja vivendo esta situação, a empresa reconhece que a “capa” (a imagem) de empresa que atende as normas está fragilizada e o retrato verdadeiro pode ser descortinado a qualquer momento, prejudicando os negócios.
Suas lideranças, seus técnicos e demais colaboradores são vistos apenas como cumpridores de ordens e de planejamento de vendas.
Pode até existir um departamento da qualidade na companhia, mas, na rotina, não tem interesse ou poder para efetuar as mudanças necessárias.

*** *** ***


Veja mais

As evidências objetivas nas auditorias

*** *** ***

*** *** ***


Fator crucial em auditorias, as evidências objetivas devem ser buscadas e coletadas pelos auditores de maneira técnica e profissional no sentido de gerar relatórios completos e confiáveis.

Um item apontado como não conforme pode comprometer o resultado final do sistema de qualidade de uma empresa, pode comprometer também pessoas e departamentos. Quando este item não é acompanhado de evidências objetivas, sofre então a reputação do auditor.

A metodologia correta de identificação, separação e organização de tais evidências nos oferece a possibilidade de constatar as observações feitas de forma irrefutável. Para isto alguns cuidados são importantes:

  • Documentos e registros devem ser claramente identificados com a sua versão.
  • Peças e componentes devem ser também referenciados com número de série e/ ou lote.
  • Todas as pessoas contatadas e entrevistadas devem compor uma relação nominal com, no mínimo os seguintes dados: nome, cargo, área, telefone e e-mail corporativo.

Diante de um indício de não conformidade é importante aumentar, se possível, a amplitude da amostragem, através de todas as possibilidades viáveis, com o objetivo de estressar o assunto até a constatação final.
Em casos de dúvida sobre qualquer questão, releia o item do seu relatório e discuta o conjunto de evidências que você recolheu com seus colegas auditores participantes da auditoria. Certifique-se de que elas – as evidências – sejam – sempre – contundentes.


Licença Creative Commons
O trabalho “As evidências objetivas em auditorias” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

*** *** ***

Veja mais


*** *** ***

*** *** ***


Eu preciso falar!

*** *** ***

*** *** ***


15/09/2009

O relato imediato de possíveis interferências na qualidade.

Relatando as interferências de forma voluntária

Um sistema da qualidade realmente efetivo deve estimular seus colaboradores a comunicar às suas chefias imediatas, quaisquer situações de risco que possam interferir adversamente nos produtos ou na imagem da empresa. Isto de maneira voluntária.

Poderosos alarmes

Os relatos voluntários de tais eventos funcionam como poderosos alarmes. Operações interrompidas, em momentos exatos, por colaboradores dedicados e cautelosos podem evitar eventos de real perigo ou de evidente risco futuro para os consumidores, por exemplo.

Testemunho

Eu mesmo, como responsável de uma área de produção de comprimidos em uma indústria farmacêutica fui pessoalmente beneficiado com uma postura proativa de um colaborador que interrompeu o processo e buscou alertar-me, de imediato, a respeito de um caso de desvio da qualidade. Na ocasião, ele apontava para uma barrica aberta contendo uma matéria-prima a ser usada em um de nossos lotes. Na barrica, o conjunto de etiquetas indicava um conteúdo com todas as informações imprescindíveis para o seu uso. “Olhe, não é ela!” me disse, enfaticamente, o manipulador.

Eu que já havia reparado que a barrica estava íntegra e devidamente identificada, olhei para aquele pó. A cor, a granulometria e outras características que pude verificar com o meu olhar não garantiam que o meu funcionário estava com razão. Por outro lado, os registros das etiquetas diziam que o conteúdo da barrica era exatamente a matéria-prima que solicitamos para a produção do medicamento.

“Olhe, não é ela!” repetiu meu colaborador com sua experiência de décadas em fabricação de medicamentos. Sem alongar este texto com toda a conversa que mantive com o funcionário, decidi desprezar as etiquetas, suspender a fabricação e solicitar a intervenção do laboratório de controle da qualidade.

O laboratório constatou que o conteúdo da barrica não era aquele indicado na etiqueta! As investigações concluíram com evidências objetivas que as etiquetas foram trocadas na Central de Pesagem!

Um alarme no momento exato, evitou perdas para a empresa e evitou possíveis dores de cabeça futuras para mim!

As pressões internas

Fato é que, infelizmente, em algumas empresas existe um abismo entre o mundo das aspirações (e até mesmo da regulação) e o mundo real, onde o ato de alarme e relato dos colaboradores não é bem visto, quando as interferências que podem afetar na qualidade dos produtos são provocadas por descaso, omissão e até mesmo ação indevida dos próprios supervisores. Isto, em nome de argumentos como, por exemplo, o atendimento a vendas, o aumento da produtividade e o bater das metas; isto em detrimento das questões da qualidade. Assim é em Marte, Saturno e Vênus…

Em situações assim, existe o medo de represálias provocadas pelas chefias as quais podem literalmente infernizar a vida do funcionário. Existe o medo até de demissão… E nós sabemos que pressões desse tipo podem calar as pessoas.

Cabe a pergunta: Como os colaboradores inconformados com decisões que podem colocar em risco a qualidade de um produto, a reputação da empresa ou até mesmo a saúde do consumidor podem alertar para o risco ou até mesmo para um evento não conforme, sem sofrerem com suas atitudes proativas?

Não são poucas as vezes que muitos colaboradores chegam até certos profissionais da empresa (como aqueles da área da qualidade), de uma forma discreta e com um comportamento de temor, para relatar situações desse tipo. Acontece em auditorias, em treinamentos e até mesmo em situações informais como almoços e intervalos para o café na empresa. Têm esse comportamento com o intuito de poder contar com parceiros de confiança para se tentar evitar o mal maior.

As práticas condenadas

Pudéssemos nós mergulhar em um “mundo de fantasias” e elucubrar casos, apenas para dar cores fortes a quadros desse tipo, poderíamos dizer que mensagens dos colaboradores podem chegar alertando para o fato de que a liderança não usa luvas ou máscaras descartáveis em lugares nos quais tais acessórios de higiene são exigidos; as lideranças falseiam relatórios analíticos ou que matérias-primas vencidas podem vir a ser usadas (e assim já estão destinadas para esse fim) em lotes futuros.

Cenário irreal? É pelo menos um parágrafo de literatura de ficção que nos estimula a refletir sobre a gama de possibilidades as quais podem criar cenários de alto risco para a imagem da empresa e para o bem-estar e à saúde do consumidor.

A história de possibilidades de riscos mostra uma série de posturas perigosas já constatadas em muitas empresas, dos mais variados segmentos. Aí, se agrupam as atitudes impróprias de suborno e corrupção, se agrupam aquelas posturas que violam as normativas técnicas, bem como aquelas que violam o Código de conduta, entre outras.

O modelo do “Speak Up”

A instituição do mecanismo de “speak up” pode ajudar as empresas a receber os relatos dos colaboradores, ao mesmo tempo em que pode assegurar a eles um ambiente seguro para tais comunicações, sem qualquer risco de represália. Muitas empresas no mundo já adotam o “speak up”, entre elas as indústrias farmacêuticas. No Brasil já existem algumas, inclusive farmacêuticas também.

Convenhamos que tal preocupação poderia ser considerada como desnecessária, caso os ambientes corporativos fossem literalmente impregnados por atitudes pautadas na ética e, ao mesmo tempo, em uma moral expressa à luz dos cuidados com os consumidores e com a reputação da companhia.

Assim seja!

Fato é que, enquanto os ambientes não forem plenamente favoráveis para as Boas Práticas, o “Speak Up” será imprescindível para as empresas que prezam suas imagens e seus clientes. Assim seja!

*** *** ***

Licença Creative Commons
O trabalho “Eu preciso falar!” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

*** *** ***


*** *** ***


error: Acesso restrito
Pular para o conteúdo