Assista a entrevista (“A abordagem europeia para regular a inteligência artificial“). O tema é relevante e há muito eu tenho feito algumas considerações sobre o assunto, mesmo não sendo um especialista em IA, mas certo de que estamos vivendo uma revolução que já começa a impactar nossas vidas com muitos benefícios e com muitas perguntas, principalmente no campo ético, moral e legal.
O momento de estudar e debater este assunto é agora. Estou certo de que a inteligência artificial mudará a nossa qualidade de vida e analisar o impacto dos possíveis eventos (os contrafactuais) deve ser uma preocupação, não somente dos especialistas, mas de todos os cidadãos. Neste caso, se vai mexer com qualidade, registro minha visão a respeito: não existe qualidade onde falta ética. É hora de pensar em regulamentação.
Ao contrário de algumas empresas, o processamento de alimentos não pôde fazer uma pausa durante o pior da pandemia; bilhões de pessoas ao redor do mundo tiveram que comer. A indústria teve que operar com falta de mão de obra em muitos casos, no entanto, e muitos dos que estavam doentes eram os responsáveis pela segurança alimentar. A indústria alimentícia como um todo teve alguma sorte do ponto de vista da segurança alimentar; embora tenha havido recalls e surtos nos últimos dois anos e meio, até o recente problema com a fórmula infantil, não havia realmente nada que fosse excepcionalmente alto”.
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Um Senso da Qualidade a considerar:
Senso: Shisei Rinri: Princípios Morais e Éticos* Palavra-Chave: Probidade *Palavra dolorosa: Vergonha
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Nota de Carlos Santarem:
Infelizmente, somente os inocentes acreditam que a prática da corrupção acabará algum dia. Pude participar do processo de implantação do Norma Antissuborno no país e caso ela venha a ser adotada formalmente pelos governos teremos um robusto sistema de gestão que pode contribuir para a prevenção, identificação e abordagem de práticas de suborno. Reforço, no entanto, que a corrupção sempre estará entre nós causando desgraças.
Daí a importância de perceber que apenas cinco sensos não bastam para quem procura a qualidade total; daí a importância do Shisei Rinri, o Senso de Princípios Morais e Éticos.
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Veja mais sobre a matéria:
Justiça Federal condena três por desviar dinheiro da construção da fábrica da Hemobrás em Pernambuco
Dois réus são ex-funcionários da empresa pública e outra, representante de uma construtora. Valor da obra saiu de R$ 22,9 milhões para mais de R$ 74,8 milhões.
A Justiça Federal em Pernambuco condenou três réus envolvidos em fraudes na construção da fábrica da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), em Goiana, na Zona da Mata Norte. Segundo a JFPE, eles “agiram em conluio” na licitação para favorecer uma empresa e desviar recursos públicos.
Durante a deflagração dessa operação, houve até dinheiro arremessado de janela de prédio de luxo, no Recife
*** *** *** Um Senso da Qualidade a considerar: Senso: Shido: Aprendizado* Palavra-Chave: Progresso*Palavra dolorosa: Estagnação
*** *** *** Nota de Carlos Santarem: Os tipos de transações financeiras estão mudando com o tempo e numa velocidade impressionante. Enquanto algumas caem em desuso, outras experimento seu ocaso (como é o caso daquele papelzinho chamado cheque) e outras nascem causando sensações (e temores) dos variados.
O contínuo aprendizado nesta seara agora nos permite vislumbrar uma transação nova que pretende oferecer muitos benefícios. Como qualquer inovação, haverá resistência, haverá um conjunto de riscos previsíveis e, possivelmente, haverá perdas e prejuízos. Certo é que também foi assim com a energia elétrica, foi assim com os aviões.
Estejamos vigilantes, mas preparados para aproveitar este progresso.
*** *** ** Veja mais sobre a matéria:
“Vem aí o PIX internacional?
Projeto Nexus: “Pix internacional” deve conectar transações em 60 países
Em um cenário de boom de fintechs e de distanciamento social devido à pandemia de covid, o Pix apareceu como uma ferramenta para lá de útil para os brasileiros, e atualmente, menos de dois anos após o seu lançamento, fica difícil imaginar o cotidiano sem o sistema de pagamentos do Banco Central. E, em breve, o mundo todo poderá ter uma solução semelhante, a partir do projeto Nexus.
A ideia já vinha sendo desenvolvida há algum tempo, a partir da popularização da tecnologia blockchain e o conceito de finanças descentralizadas. E o sucesso do Pix no Brasil pode ser considerado um bom exemplo de que o Nexus pode dar certo. O Bank Of International Settlements (BIS), que é o “banco central mundial”, vem trabalhando nessa ferramenta.
Atualmente, o Nexus está em fase de testes, e tem um mecanismo semelhante ao Pix, promovendo a integração de transações instantâneas em países que já possuam estrutura para isso. A expectativa do BIS é que sua solução possa realizar transferências entre diferentes nações e moedas em até em um minuto. A ideia é conectar pelo menos 60 países”.
A pandemia nos levou a quebrar vários paradigmas. Em abril de 2021, em meu artigo “O novo normal em inspeções”, levei para meus leitores a ideia de um futuro no qual as inspeções governamentais seriam realizadas utilizando meios virtuais.
No meu texto:
“Assim, reuniões com gestores e técnicos através de plataformas virtuais, visitas dirigidas às instalações por navegação de utilitários com aplicativos de som e imagem podem se apresentar como uma resposta de uso imediato”.
Atualmente, estamos mais perto deste cenário e isto nos estimula a tratar este assunto, ainda hoje, de tal forma que nossa equipe de auditores internos esteja preparada para tal e capacitada a conduzir inspeções virtuais efetivas. Isto porque, já constatamos que a pandemia pode passar, mas a ideia de realizar reuniões virtuais vai ficando cada vez mais forte.
É bem possível que, fora o FDA, as agências reguladoras nacionais de outros países, ainda prefiram não se lançar neste novo tipo de inspeção. No entanto, empresas de outros países que têm de seguir as exigências regulatórias americanas devem esperar por novidades em suas inspeções. Daí, a importância de também preparar nossos líderes, técnicos e especialistas (não somente nossos auditores internos) para participarem de auditorias virtuais de maneira adequada.
Ainda trabalhando este tema, vale lembrar que navegar pela rede é uma atitude perigosa que pode expor dados restritos e de propriedade das empresas a “hackers”, implacáveis e dispostos a negociar dados confidenciais, entre eles aqueles associados às questões de desenvolvimento de produto, metodologias analíticas e de produção de medicamentos, por exemplo.
Não me posiciono contra as inspeções virtuais. Vejo como um “caminho sem volta”, no qual temos, todos, que nos adaptar no sentido de analisar os riscos para as agências e para o ambiente regulado. Como costumo dizer, temos de nos preparar para os contrafactuais.
Deixo três perguntas:
A sua empresa já sofreu ataques de hackers?
Informações transmitidas durantes reuniões com inspetores estarão plenamente seguras e protegidas de ataques?
É possível imaginar que estejamos próximos de um novo marco regulatório em inspeções governamentais?
Existem empresas na Internet que oferecem seguidores. Assim, seguem você 1.000, 2.000 pessoas que nem sequer sabem o tema com o qual você trabalha e, muito menos, concordam com os seus conceitos. Muitas vezes, nem pessoas são; são robôs.
Acabei de receber uma “excelente” proposta para disparar o meu número de seguidores em meus blogs, páginas eletrônicas e outros ambientes como o Instagram. O número de seguidores eu mesmo escolheria!
Com um grande número de seguidores “fiéis” cria-se a impressão de que você é pessoa de reputação no meio e até mesmo formadora de opinião. Não pode ser o nosso caso. Devemos buscar não “cliques”, mas batidas. Isso mesmo, eu não quero cliques em um milhão, quero apenas as batidas do seu coração.
Como cidadão, tive a minha moral formada a partir da visão dos meus pais. Seus princípios e seu valores marcaram inegavelmente a minha personalidade e são uma das diretrizes principais que escolho ao tomar minhas decisões diárias. Cresci e tive outras referências a respeito de questões éticas, entre elas, a minha vida nas escolas que frequentei, meus grupos de diferentes amigos, meus caminhos estudando várias religiões e por aí vai.
Apaixonei-me pela dinâmica da ética e sua importância em qualquer sociedade, desde o início da minha juventude. Pude participar do processo de elaboração de normas brasileiras que tratam do tema, ministro um curso sobre o assunto (“A Ética no momento atual”). Como profissional, fui relator de inúmeros processos éticos, durante minha estada como Conselheiro do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (muitos anos).
Daí trazer para meus leitores uma novidade que está a circular pela internet. Refiro-me ao site Delphi, que se propõe a responder através da inteligência artificial aos nossos dilemas éticos.
Eu perguntei ao Delphi, cliquei no botão “ponderar” e ele respondeu
Mentir para os pais: “está errado”;
Alterar a validade de um produto: “está errado”;
Não seguir a lei vigente: “está errado”.
Propor a mudança de uma lei que eu não goste: “tudo bem”
Dar uma bronca no filho: “é rude”
Reagir a um assalto: “é esperado”
Não reagir a um assalto: “é covarde”
Matar para sobreviver: “tudo bem”
Caçar animais: “tá ruim”
Obedecer aos professores: “você deveria”
Compartilhar uma notícia sem verificar antes a sua veracidade: “tá ruim”
Entrar na política: “é bom”
Você pode fazer suas próprias perguntas(no idioma inglês) mas saiba que a inteligência artificial ainda esbarra em algo que nós, os humanos, não devemos desprezar em nossas decisões. A barreira é que o Delphi “enxerga” um universo de resposta que ainda é limitado, quanto à amostragem no sentido numérico e espacial. Isso, no entanto não retira o mérito do protótipo.
Uma pergunta que fiz coloca em xeque a IA:
A pergunta: Ter mais de uma esposa – A reposta: “está errado”
Sabemos que, dependendo da sociedade, é eticamente aceito ter mais de uma esposa e até ter mais de um marido. A ética muda no tempo, mas muda também no espaço. Será que a IA está sendo preconceituosa?
O Delphi se apresenta como “um protótipo de pesquisa projetado para modelar os julgamentos morais das pessoas em uma variedade de situações cotidianas”. Ele alerta que é “um sistema experimental de IA com o objetivo de estudar as promessas e limitações da ética e das normas computacionais. Os resultados do modelo não devem ser usados para aconselhamento a humanos e podem ser potencialmente ofensivos / problemáticos / prejudiciais. A saída do modelo não reflete necessariamente as visões e opiniões dos autores e suas afiliações associadas”.
A melhor coisa que extraí do Delphi é que temos um trabalho que nos estimula a falar sobre ética e discutir alguns dilemas, contando com uma IA ainda limitada; mas, afinal, no campo da ética, também não somos?
A necessidade de ter e manter colaboradores compromissados com as metas das empresas sempre provocou muitos estudos a respeito do tema “motivação”, bem como já promoveu muitas reuniões e eventos corporativos. Quando falamos então do nível gerencial, seja qual for o segmento de negócio, aparece aí uma enorme gama de encontros periódicos com orçamentos dos mais variados para apresentar ou discutir os planos anuais e suas metas. São eventos nos quais encontramos várias fórmulas em sua organização onde também podem se encaixar estudiosos sobre o tema “motivação”, especialistas dos mais diversos, até nomes estranhos que podem contribuir com testemunhos de interesse – e aí podemos ver jogadores de basquete e piadistas famosos, entre outros tantos. São encontros de uma enorme importância que oxigenam pessoas, equipes e líderes; e devem ser trabalhados com todo o cuidado no sentido de transformar cada centavo investido em retorno assegurado.
Não é raro eventos deste tipo acontecerem fora da empresa, longe das prioridades e urgências, às vezes em locais paradisíacos, muitos até fora da cidade e cercados de todo suporte e conforto para os participantes cuja a sensação é de uma “grande viagem de transformação”. Também não é raro depois de tais eventos que cada um dos seus participantes saia com a responsabilidade de multiplicar para todos os seus colaboradores os novos desafios desenhados e formalmente assumidos em tais encontros.
Desafios: um ponto em comum em todos esses eventos corporativos. Desafios estes com a roupagem de metas e cercados de uma infinidade de planos de ação que ajudarão a cumprir todas as etapas com o auxílio de times bem preparados e motivados.
Reconhece esta história? Já viu este “filme”? Natural que talvez já tenha vivido uma história parecida. Natural que até já tenha participado direta ou indiretamente da organização de encontros deste tipo. Isto porque precisamos de planejamento estratégico, precisamos de metas, precisamos de desafios e precisamos de Gente para transformar nossos planos em realidade. As organizações precisam.
A egrégora de tais encontros gera uma energia quase mística e, se bem conduzidos, encontros deste tipo fazem – mesmo – as pessoas repensarem seu papel como unidade de um universo gerador de riquezas. Transportando para o ambiente corporativo, vemos o reforço do entendimento de que ela (a pessoa) é uma partícula importante na condução dos negócios e na geração dos lucros e de outros benefícios. Como participante também já vivi tais encontros muitas vezes e pude também, como presidente de uma autarquia federal, desenhar e participar da organização de dois eventos específicos. Em todos eles saí mais fortalecido e mais preparado. Em todos eles obtive benefícios.
Grande é o volume de informação gerado nestas reuniões que, em certos casos, duram dias, e, por vezes, varam noites e madrugadas de muita análise, muita discussão e muito trabalho. São informações extremamente valiosas para o sucesso do empreendimento que estão prontas para continuar conosco em mais um período de muito sucesso. Ajudando-nos com indicadores de performance a trilhar todo o desenvolvimento institucional que ajudamos a escrever.
O fato é que, na grande maioria das vezes em tais reuniões, as lideranças não são preparadas para um aspecto: “Como vencer as barreiras que podem se formar no processo de reação às mudanças?”. Apesar de muita discussão sobre “barreiras” e “mudanças”.
Gestores elaboram todo um planejamento visando seus objetivos, suas conquistas, mas desprezando os interesses dos colaboradores nestas empreitadas. Reclamam que seus “exércitos se perdem” e seus “navios tomam direções erradas”. Neste último caso, estudam exaustivamente o mar e as correntes, analisam o céu e as estrelas, desenham mapas detalhadíssimos, calculam o peso de cada moeda, mas não consideram os interesses de cada um que compõe a sua tripulação! Desprezam as vontades dos seus marinheiros…
Invariavelmente está neste ponto a causa de muitos naufrágios, ou melhor, de muitos fracassos, uma vez que as lideranças não exprimem as metas de empresa utilizando os diferentes dialetos corporativos e mostrando-os através dos olhares de cada um, primando por divulgar os benefícios e as vantagens que cada membro da equipe terá em suas mãos ao final da “viagem”. Preocupam-se em mostrar para seus times o que é importante para eles, como líderes. Difícil? Isso mesmo: Di-fí-cil. Mas não tão difícil quanto estudar as “correntes”; não tão difícil quanto estudar “o céu e as estrelas”; muito menos, não tão difícil quanto desenhar os “mapas” da conquista. Difícil, mas responsabilidade básica e imprescindível para as lideranças de hoje que, como as lideranças de ontem buscam as “moedas” dos seus negócios.
Aí entra a Andragogia ajudando a entender esta questão e extrair a verdadeira motivação. Caso contrário, todo o investimento em eventos corporativos motivacionais mostra-se infrutífero logo nas primeiras reuniões de acompanhamento. Os números acabam ficando aquém do esperado, as pessoas tendem a se estressar com as metas tidas inexequíveis e as lideranças buscam forças extras para atingir os objetivos. Em alguns casos, nasce o exercício de justificar o não atendimento às metas.
Como podemos, depois de tais reuniões, fazer este trabalho, multiplicando de maneira efetiva para toda a equipe as nossas necessidades e, ao mesmo tempo, fazendo brotar em seus corações e em suas mentes o desejo de nos acompanhar a qualquer custo?
O que trato nesta matéria não é o que fazer, mas uma forma de “não fazer” muito utilizada, no passado, no Brasil em várias reuniões nas quais se buscava o comprometimento integral dos colaboradores. Farei isto na forma de uma história (é possível que talvez você já tenha vivido uma história semelhante).
Reza a lenda que uma grande corporação de atuação em vários países dava início a um grande processo de mudança que a faria decolar no mercado nacional, aumentando sua fatia de mercado e seu faturamento de maneira significativa, para alegria de seus acionistas e gestores Tal processo exigiria um grande empenho de toda a organização que precisava estar preparada. “Todos os colaboradores precisam se engajar neste processo!” Esta foi uma das decisões tomadas em uma reunião de cinco dias entre gerentes e diretores. Esta reunião aconteceu em um hotel localizado em uma maravilhosa cidade a beira do mar no Rio de Janeiro.
Para o sucesso deste empreendimento, após a chegada dos gerentes e diretores, todos os 120 colaboradores foram reunidos ao mesmo tempo em um grande salão refrigerado na própria empresa, com todo conforto e com algumas facilidades naturais a eventos deste porte, como um bom sistema de som, músicas de impacto, apresentações eletrônicas, recepcionistas e excelentes “coffe breaks”. Contrataram também uma especialista no assunto “motivação” que junto com a gerente de RH iniciaram a reunião com uma pergunta: “Você sabe a diferença entre envolvimento e comprometimento?” (Para facilitar, formatei em itálico toda a fala da especialista).
Olhares se cruzaram naquele grande salão que reunia todo o quadro de pessoal, incluindo secretárias, auxiliares administrativos, compradores, supervisores, operadores de máquinas entre outros tantos certos de que não sabiam responder a primeira pergunta do dia! “Qual a diferença entre envolvimento e comprometimento?”. A verdade é que houve algumas tentativas tentando explicar a “tal da diferença” em uma espécie de jogo. Os adultos que estavam ali sabiam qual seria o resultado: a resposta certa, por maior que fosse o esforço em acertá-la, estava guardada a sete chaves com os donos da bola: aqueles que fizeram a pergunta (-“OK, 1×0” – pensou um dos participantes).
Repetiu-se a pergunta algumas vezes e depois a resposta veio contada na forma de “uma historinha” pela especialista em motivação. “Historinha” porque a profissional tinha uma forte tendência de utilizar palavras no diminutivo (-“Minha Nossa! Parece que ela está falando com um bando de crianças – pensou uma jovem secretária recém contratada)
Ahistórinha é a seguinte: “A Dona Galinha, o Seu Porco e suas importâncias no preparo da farofa”. Um belo diazinho de sol… (- “Ah, então é para isso que estão gastando esse dinheirão todo! Estão aqui para me ensinar a fazer farofa!! Como se eu não tivesse nada para fazer na fábrica…” – pensou um operador de máquina de compressão)… Dona Mariazinha resolve fazer uma farofa e, de repente se vê analisando a função da galinha e do porco. “A galinha contribuído com os ovinhoss dá uma excelente parcela para uma boa farofa, não é verdade?” diz a especialista em motivação para a platéia que concorda unânime para não magoar a moça… “A Dona Galinha está então en-vol-vi-da com o sucesso daquela farofa que Dona Mariazinha inicia o preparo” reforçou a especialista. Antes que ela perguntasse, metade da platéia já foi logo concordando, em voz alta, com o envolvimento da galinha e, por pouco, não aplaudiu de pé o seu empenho (da Dona Galinha, é claro). Ela, a especialista, continua dizendo: “É assim que estamos hoje, envolvidos com a nossa empresa como Dona galinha está com a farofa” (-Muito bem! Vem esta menina agora me dizer que meu trabalho se resume em uma farofa e me comparando com galinha – pensou Dona Zulmira, chefe de compras com 29 anos de empresa) (-Botar um ovo deve ser mais fácil do que fazer certas coisas aqui dentro – pensou um mensageiro interno sentado logo na primeira fila). Passamos hoje – continua a especialista – por um momento de grandes mudanças (-Ops, essa eu já conheço e vai sobrar para alguém aqui dentro-pensou o seu José, mecânico da manutenção com seu espírito naturalmente reativo) (-se não mexer comigo, tudo bem–pensou uma das recepcionistas). Temos pela frente grandes desafios que passarão a nos exigir mais esforços (-Toda vez que eles vêm com esta conversa aumenta-se as horas extras e prejudicam-se os estudos do pessoal-pensou uma moça que trabalha na embalagem manual e faz o primeiro ano de uma faculdade noturna).
Tudo isto em prol da empresa. Tudo isto para alcançarmos o terceiro lugar no “ranking” do nosso segmento e aumentarmos os nossos lucros. (Boa!…E o meu? Cadê? Vai falar ou vai esconder?-pensou o responsável pela Gráfica, recém casado e há muito já trabalhando em regime pesado de horas extras) Temos de mudar para alcançar metas tão desafiadoras! Temos que ser igual ao Seu Porco! Temos que, além de nos envolver, nos doar como assim faz o porco, dando de si o lombinho para o grande sabor do prato! Temos de nos comprometer como o porco faz na farofa!!!
Incrível! Todos se entreolharam. Ninguém teve a coragem de falar naquele momento, mas no primeiro intervalo para o conhecido “coffe break” os comentários eram muitos. Dona Zulmira comentava que tinha chegado àquele encontro como uma funcionária dedicada, prestes a fazer trinta anos de companhia e, já na primeira fase da reunião tinha sido comparada a uma galinha, tinha sido incluída entre os não comprometidos com a organização e recebido a proposta de dar o lombinho antes de morrer pelas metas da empresa. Depois do coffe-break, a reunião foi reiniciada durando o dia todo onde as metas e os planos da empresa foram apresentados. No final ao som de um conjunto de músicas espetaculares a reunião foi encerrada com todos aplaudindo de pé. Alguns até se emocionaram.
Vale dizer que isto nos mostra claramente “como não motivar”. Reuniões deste tipo até com esta bendita história já vivi mais de uma vez e vi, de perto, colaboradores saírem certos de que não valia à pena participar do processo. Acredite, esta história corria o mundo corporativo como “ferramenta motivacional” e foi contada em várias empresas para seus funcionários um”zilhão” de vezes. Enfim, é assim que não se faz.
A “historinha” da “Dona Galinha e do Seu Porco” ou a Andragogia, tratando todos como adultos e beneficiários das vantagens obtidas pelas conquistas? A escolha é sua.