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A arte de pescar e a andragogia

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A arte de pescar e a andragogia

A arte de motivar os adultos pode ser comparada ao exercício da pescaria. Quando nos referimos então aos treinamentos corporativos, esta pescaria pode ser medida pelo conteúdo da cesta do “pescador” após terminada sua tarefa. Estarão dentro da cesta, aqueles colaboradores entusiasmados e comprometidos a colocar em suas rotinas o que foi apresentado, discutido e experimentado nos treinamentos. Estarão fora da cesta, nadando no oceano, aqueles que não foram “fisgados” …

Todo o pescador experiente sabe muito bem que para cada espécie de peixe ele terá de usar técnicas diferentes para obter sucesso; e o seu sucesso é sua cesta repleta. Assim, em alguns casos, terá de usar redes e em outros casos terá de usar caniços especiais com carretilhas, molinetes e iscas apropriadas.

Assim é o treinamento com adultos. Daí o fato de alguns treinamentos corporativos, embora bem elaborados, se mostrarem com resultados aquém das expectativas.

Investir em apenas uma ou duas técnicas de aprendizado, sem considerar todo o universo de possibilidades apenas fará com que a sua cesta tenha um número limitado de “peixes” e talvez, de uma ou duas espécies. Trabalhar com novas técnicas, utilizar outros tipos de “iscas”, junto com as técnicas já empregadas, poderá surpreender você com novas espécies capturadas e enchendo a sua cesta.

É hora de repensar nossas pescarias.


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O trabalho “A arte de pescar e a andragogia” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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Andragogia Corporativa

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Andragogia é palavra originária do grego que significa “formação de adultos”. O norte-americano Malcolm Knowles a redefiniu como “arte e a ciência destinada a auxiliar os adultos a aprender e a compreender o processo de aprendizagem dos adultos“.

Carlos Santarem trata a Andragogia Corporativa como a chave da verdadeira motivação e do maior dos comprometimentos.


Alguns executivos iniciam seus programas, seus projetos e suas vendas sem antes considerar com profundidade quais benefícios todos os envolvidos obterão de forma pessoal e profissional. Em outras palavras, buscam ter sucesso em relacionamentos profissionais e até mesmo pessoais sem se preocupar, mostrar e assegurar as vantagens “para o outro”. O resultado é o fracasso que pode ser a curto ou médio prazo. Da mesma forma, é comum vermos apresentações de grandes projetos a grandes grupos de colaboradores apresentando como vantagens os ganhos futuros da empresa em moeda corrente ou em ganhos de fatias de mercado onde estes números são usados para buscar o comprometimento de todos, e usados para motivar os colaboradores a dar mais de si atingindo metas mais audaciosas.

Nesta linha, mesmo sendo extremamente vantajoso para a empresa, vantajoso para muitos dos seus gerentes e diretores e vantajoso para os seus clientes, os processos não funcionam porque “os outros não querem que funcionem”. Com isto, todo o investimento empregado em recursos financeiros, em recursos humanos e em recursos materiais é reduzido a pó pela falta de envolvimento e comprometimento “dos outros” que deveriam entender a importância do projeto. Fica evidente a falta de motivação “dos outros” que não se engajaram com a garra necessária para o sucesso do empreendimento.

Destacar os ganhos para a companhia é uma informação relevante para qualquer funcionário, mas serve apenas como uma das muitas informações que o adulto precisa para fazer suas avaliações antes de se comprometer em qualquer empreitada, antes de entender as vantagens dos treinamentos e muito antes de seguir seus líderes formais.

Raízes da andragogia são antigas. Grandes nomes ficaram conhecidos como excelentes mestres e verdadeiros líderes por dominarem esta metodologia que é, de fato, a única chave da verdadeira motivação de todos os indivíduos. Entre eles, destacam-se Sócrates, Platão e Jesus Cristo que souberam convencer seus aprendizes e liderados, ao mesmo tempo em que se mostraram humildes e capazes de serem questionados em seus conceitos todas as vezes que seus seguidores desejassem. Quanto mais se expunham, mais respostas mostravam ter e mais fortes ficavam. Sabiam responder a pergunta básica de todo o adulto antes do comprometimento maior: “O que eu ganho com isso?”.

Assim funciona a humanidade: movida a interesses. Cabe lembrar que o termo “interesse” não tem aí qualquer conotação pejorativa, uma vez que acumulamos em nossa história várias ações movidas a interesses altamente nobres. É desta forma que melhor entendemos a fé – onde encontramos o maior dos comprometimentos – e também entendemos os trabalhos voluntários. O indivíduo realmente se compromete quando ele entende que existem vantagens para si como pessoa e/ ou como profissional e isto é, na verdade mais pura, simples interesse.

Gerentes e outros líderes formais devem reconhecer na andragogia a melhor das ferramentas de motivação e empregá-la com sabedoria, buscando identificar os interesses dos seus colaboradores ao mesmo tempo em que atendê-los dentro da verdade da companhia. Não é simples e, muito menos, fácil; cobra do executivo maior dedicação a seus subordinados, bem como o força a melhor entender a pessoa humana, antes de vê-la como apenas mais um simples “soldado” de suas trincheiras. Não permite amadorismos e requer técnicas específicas para o pleno sucesso.

O mais difícil nesta tarefa está em identificar em cada indivíduo adulto de cada grupo que precisa ser motivado o conjunto de interesses desses indivíduos e desses grupos. Quais vantagens obterão os adultos que nos acompanham em nossas empreitadas ao se comprometerem de “corpo e alma” nos programas corporativos e nos treinamentos, por exemplo. Quando associamos bônus aos benefícios, ou qualquer outro tipo de remuneração especial, o convencimento fica extremamente facilitado, mas isto se aplica, na maioria das vezes, aos colaboradores das áreas de vendas, de marketing, e a determinados níveis hierárquicos, como gerentes e diretores. Isto não acontece em todo universo de colaboradores da empresa, e o exercício de buscar o comprometimento dos mesmos exige das lideranças um esforço maior, uma vez que a motivação de todos, sem exceção, é fator crítico de sucesso em muitos empreendimentos. Do contrário, podemos ver empresas investindo em treinamentos que não são refletidos na prática e obtendo retorno sobre tais investimentos aquém do desejado. Vemos programas da qualidade que se iniciam de maneira espetacular e acabam enfraquecendo e até desaparecendo com o tempo.

Gente adulta; esta é a palavra-chave. Os líderes devem conhecer a sua gente e as expectativas de vida do seu pessoal se quiserem contar com ele em todas as circunstâncias, inclusive as mais difíceis. Dedicar seu tempo, como gerente, em conhecer realmente seus liderados permitirá ao líder reconhecer um conjunto de interesses para motivá-los. AÍ está o que você, como líder, ganha com isso: cada colaborador adulto de cada equipe consciente que ao seguí-lo e às suas diretrizes, independente do grau de dificuldades, obterá vantagens que valerão todos os esforços. Este convencimento constrói exércitos de fiéis quase sempre imbatíveis.

Investir somente nos argumentos que mostrem as vantagens para a empresa fará com que o indivíduo pondere de outra forma e acabe criando um quadro próprio totalmente diferente. Pode o adulto identificar que a empreitada apenas o obrigará a trabalhar muito mais do que antes; que as possíveis horas-extras não compensarão os momentos que perderá com sua família e seus amigos; que o tempo que passará a mais na empresa o obrigará a deixar de participar de atividades que pratica normalmente, como uma academia e como um curso externo e até uma faculdade. Nestes casos, o adulto, de fato, reconhece um prejuízo que impacta na sua vida pessoal e no seu desenvolvimento profissional. O adulto não se motivará e, por esta razão, não se comprometerá.

Argumentos bem fundamentados na importância do tema, com o maior número possível de dados e de informação, com um painel claro das oportunidades e dos benefícios para a empresa e, principalmente, para os envolvidos montam um cenário adequado para o adulto fazer sua análise particular e, desta maneira, se entusiasmar. Andragogia corporativa: esta é a chave da verdadeira motivação e do maior dos comprometimentos.


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O trabalho “Andragogia Corporativa” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

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