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O
acesso fácil ao conteúdo
Existe,
na história da indústria farmacêutica, uma infinidade de casos de má-fé que
promoveram desgraças e até mortes de consumidores de medicamentos. O acesso
fácil do bandido ao conteúdo das embalagens primárias, aquelas que entram em
contato direto com o produto, permitiu, por exemplo, a troca de conteúdo e a
inserção até mesmo de veneno em cápsulas de medicamento.
Um
caso emblemático
Um
caso que se tornou famoso é o “caso Tylenol”, ocorrido nos Estados Unidos na
década de 80, quando um maníaco entrava nas farmácias, abria alguns cartuchos com
cápsulas de Tylenol e substituía o conteúdo das cápsulas, antes com o medicamento,
por veneno: o cianeto de potássio. Muitos consumidores morreram, entre eles uma
menina em tenra idade.
Os
indícios do crime
Análises
químicas puderam comprovar que as embalagens contaminadas não mostravam uma
contaminação do lote, mas uma contaminação restrita somente a algumas unidades componentes
do lote. Indício de fraude (?).
O
primeiro aprendizado: A verdade imediata e divulgada pela própria empresa
A
Johnson & Johnson, a respeitada empresa farmacêutica fabricante do Tylenol,
assumiu de imediato a responsabilidade de, através de seu presidente, manter o
público a par de todos os passos da investigação, inclusive aqueles em conjunto
com a polícia.
Os
fatos chegavam ao público pelo presidente da companhia em declarações pela
televisão americana, antes de qualquer notícia de jornal, as quais poderiam ser
deturpadas.
Fácil
foi a prisão do assassino, visto que seu raio de ação se restringia a uma
limitada região nos arredores de Chicago. Preso o bandido, a companhia farmacêutica
saiu do episódio com sua reputação mais fortalecida ainda.
O
segundo aprendizado: A inviolabilidade das embalagens
As cápsulas comuns permitem que bandidos possam abri-las, alterando o seu conteúdo! Daí uma evolução no mercado farmacêutico foi o desenvolvimento de cápsulas gelatinosas. As cápsulas gelatinosas, como sabemos, são formas farmacêuticas que não podem ser abertas a não ser por uma violação. Em outras palavras ficam inutilizadas.
No caminho dos cuidados, frascos, tubos e outras embalagens primárias foram recebendo, até mesmo por exigências legais, mecanismo de segurança, como lacres especiais que forçam o bandido a violar claramente a embalagem de uma forma irreversível. Mais ainda, os mecanismos de segurança se estenderam às embalagens secundárias como os cartuchos de medicamentos que também passaram a ter lacres especiais! Em outras palavras, embalagens com mecanismos de proteção contra a má-fé, por fraudes, diminuem sobremaneira as desgraças; embalagens vulneráveis aos bandidos, não.
O
terceiro aprendizado: Não conseguiremos deter todos os bandidos
A
maldade humana não pode ser subestimada e ela nunca será extirpada do nosso
meio. Infelizmente, sempre haverá alguém, em algum lugar, engendrando como levar
um veneno para o consumidor, através de nossos produtos.
Daí,
quando falamos de boas práticas de fabricação, entendemos que tais práticas
devam estar em um sistema da qualidade bem estruturado no qual o gerenciamento
de risco vislumbre também as possíveis situações de má-fé.
Isto serve para medicamentos, alimentos e também para bebidas.
Afinal,
se nós não pensarmos nisso, quem o fará?
O trabalho “O que já aprendemos com a má-fé pela fraude” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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