O monumento da Galinha para a Ciência
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Estamos a cometer um erro histórico, não por ignorância, mas talvez pelo descaso que, durante décadas, vem criando uma nuvem de fumaça sobre a importância que um determinado animal tem para a população do planeta.
A humanidade tem se prestado a criar monumentos para animais pelos serviços que lhe prestou; entre eles, o cão, o gato, o urso, o cavalo e as cobaias de laboratório.
Sociedades também oferecem homenagens a animais que emprestam a imagem de força, de poder, nobreza e ética às instituições e países. Nesse caso, podemos ver as águias e os leões em muitos portais de prédios de governo, conferindo uma autoridade que nem sempre se reflete em suas políticas, infelizmente.
Um animal, no entanto, fica ao largo de todos os reconhecimentos, se prestando a salvar vidas através do sacrifício e da morte de seus embriões, em nome da manutenção da humanidade. Eu me refiro à galinha que durante séculos é o animal que tem nos permitido desenvolver as vacinas do passado e ainda as do presente, permitindo-nos vencer as pandemias.
Difícil mensurar, de maneira precisa, o número de milhões de embriões que foram e têm sido sacrificados para a produção de vacinas. Difícil mensurar o benefício que tal prática pode propiciar a homens, mulheres e crianças em todo o mundo. Certo é que, não fosse assim, muito provavelmente eu não estaria escrevendo esta matéria, nem você a lendo, pelo simples fato de que as pandemias, sem controle e sem vacinas, exterminariam a todos.
Para desespero daquelas pessoas conhecidas como veganos, até que possamos desenvolver novas vacinas sem os ovos da galinha (estamos a caminho e bem adiantados), temos de ainda conviver com tais métodos para o salvamento de vidas humanas.
Assim, fica aqui o meu registro! Façamos uma bela e linda estátua para a galinha e, se possível, coloquemo-la em lugar de destaque, de preferência no topo de um belo prédio público para passar a ideia do maior sacrifício pela ciência humana.
Em nome da verdade, devo deixar claro que existem, no Brasil, monumentos com a referida ave, mas referem-se à importância da avicultura, o que não é o foco da questão. A visão que proponho é a sua importância na ciência propriamente dita.
Vale dizer que no topo do prédio do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, nós podemos ver a belíssima e imponente águia. Vale dizer também que, em outros prédios, o mesmo ocorre com outros animais. Daí, vale dizer que ficaria ela, muito bem no topo do Castelo Fiocruz, não fosse pelo fato de a construção ter sido tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1981. Merecida e justa homenagem, mas impossível de fazê-la no topo do castelo.
Então, porque não em Brasília, em ambiente nobre do prédio do Ministério da Saúde?
Quem sabe, em uma bela praça e em destacado monumento?
Para os negacionistas, reforço que não existe em minhas letras e palavras nenhuma ironia quando meu texto destaca o papel desse animal; também não existe uma “brincadeirinha” para fazer a estatua da galinha e sim uma proposta séria feita por um profissional da saúde com décadas de exercício de profissão.
Sejamos nós, como brasileiros, os primeiros a erigir tal monumento em função das muitas vidas que essa prática pode salvar.
Diante de tantos outros animais, a galinha fez e faz muito mais. Temos de reconhecer.
Existe uma superstição que diz que acariciar os testículos da estátua do touro de Wall Street traz sorte, prosperidade e dinheiro na vida.
Existe a evidência científica de que as galinhas, com seus ovos, não só matam a fome como estão salvando vidas.
Eu particularmente, em primeiro lugar, prefiro as galinhas!
“O monumento da Galinha para a Ciência” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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